Durante a sessão solene de encerramento dos trabalhos na Câmara Municipal de Santarém, na tarde desta quarta-feira (13), o vereador Biga Kalahare entregou à ativista socioambiental Alessandra Korap Munduruku título de cidadã Santarena, por sua luta em defesa dos povos indígenas e por seu importante trabalho na busca incessante por conscientização ambiental. “Eu quero agradecer ao vereador Biga por ter me dado a honra de ser cidadã santarena. Esse título é muito para nós indígenas. Esse título é pra quem acredita, luta e defende os povos indígenas” pontuou Alessandra
Alessandra é natural da cidade de Itaituba, Sudoeste do Pará e é da etnia munduruku, povo mais numeroso da região do Médio Tapajós, com aproximadamente 10.000 pessoas. A liderança indígena atua fortemente na defesa pela demarcação do território indígena e pela proteção dessa terra, denunciando a exploração e atividades ilegais do garimpo, mineração e da indústria madeireira. Alessandra é reconhecida internacionalmente pelo trabalho frente às pautas socioambientais. Em 2020, recebeu o Prêmio Robert F. Kennedy de Direitos Humanos, nos Estados Unidos e, em 2023, foi homenageada com uma das premiações ambientais mais importantes do mundo, o Prêmio Goldman, considerado o “Nobel” do meio ambiente.
Desde jovem, Alessandra se interessa pela política e participava de reuniões do conselho de sua aldeia, em um tempo em que não era comum a participação das mulheres nessa esfera de articulação. Com a progressiva invasão das terras indígenas e a perda de seus direitos, passou a se envolver mais no ativismo. Em 2019 mudou-se para Santarém para cursar direito pela Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), e se preparar para as lutas reivindicatória.
A liderança munduruku se destaca como advogada dos interesses dos povos indígenas contra a invasão de suas terras por mineradoras e garimpeiros. Foi a primeira mulher a liderar a Associação Indígena Pariri, que reúne dez aldeias na região do Médio Tapajós, no Pará.
Outra grande homenageada do vereador Biga, foi a primeira casa de Candomblé de Santarém, fundada em 1973, que recebeu o título de honra ao mérito pelos serviços prestados à sociedade santarena, através de trabalhos sociais. A mãe de Santo Yá Obasylê Mãe Conceição Moraes – Ty Oyá Onira (Yá Obasylê) – como é conhecida na religião, foi quem recebeu a honraria.
Atualmente o Ilê Dará Asé Oyá Onira possui aproximadamente mais de 200 filhos e filhas de santo, iniciados e ainda não iniciados no Orixá. Além dos atendimentos na Casa de Santo, dos cuidados com as pessoas acometidas por problemas espirituais, ou que precisam de orientação para a vida, o Ilê realiza ações sociais como o sopão na porta de hospitais de Santarém e o “Projeto Criança Não Trabalha”, voltado à sensibilização das pessoas contra o trabalho de crianças e adolescentes.
“Diante desta homenagem, eu me sinto muito honrada. Meu compromisso é manter viva a memória dos nossos antepassados e manter viva a crença nos orixás e na força da natureza”, agradeceu Mãe Conceição Moraes”.
Para o parlamentar, as homenagens são especiais e demonstram a importância da valorização de personalidades que desempenham trabalhos essenciais no contexto da diversidade cultural. “A gente sempre faz uma pesquisa antes de homenagear as personalidades, porque acreditamos que é fundamental apresentar para a sociedade pessoas com trabalhos extraordinários e que muitos não conhecem. Elas merecem muito, enfatizou Biga”.
Por Daína Aben-Athar -Assessora de Imprensa do vereador Biga Kalahare