A cada dois minutos uma mulher é agredida no Brasil. Nesta pandemia muitas mulheres estão ficando mais tempo com o agressor, sofrendo todos os tipos de violência. Nunca foi tão necessário aumentar a possibilidade de atendimento e segurança à cidadã brasileira. Para chamar a atenção da sociedade, em agosto o tema é discutido com mais intensidade. É o Agosto Lilás.
Nesta terça-feira (10), o tema foi debatido na Câmara Municipal de Santarém em uma Sessão de Tribuna Livre. Por sugestão da vereadora Enfermeira Alba Leal (MDB), que presidiu a sessão, instituições que fazem parte da rede de proteção à mulher estiveram na Casa Legislativa.
Muitas pessoas não sabem, mas a mulher pode ser vítima de cinco tipos de violência. A coordenadora do Centro Maria do Pará Poliana Braga explicou que existem as violências:
Psicológica – quando a mulher é apontada como indigna de ser mãe, de ser amada, de ser valiosa;
Moral – quando a mulher é diminuída, xingada, tem a intimidade exposta a terceiros;
Patrimonial – quando bens pessoais, documentos e objetos são destruídos;
Sexual – além do abuso sexual, quando o homem desenvolve práticas como impedir a mulher de tomar anticoncepcional, sugere o aborto ou a geração de um filho que a mulher não quer;
Física – quando as ações do homem têm como objetivo machucar, ferir, normalmente em partes escondidas do corpo.
“Normalmente, quando a mulher chega ao centro Maria do Pará ela já foi vítima de todos os tipos de violência, por isso é preciso que sejam facilitadas todas as estratégias de proteção à mulher”, enfatizou Poliana.
Para garantir que as mulheres tivessem acesso à rede de proteção, estratégias são desenvolvidas continuamente. Como a campanha que virou lei, as mulheres podem denunciar agressores usando um “X” vermelho na mão. Segundo a delegada da mulher Andreza Sousa, em Santarém a lei já apresentou resultados, um homem foi preso em flagrante depois que a denúncia ou pedido de ajuda foi feito em uma farmácia.
Este ano, em Santarém, dois feminicídios foram registrados. Para evitar tragédias, é necessário que a Delegacia da Mulher funcione 24h, todos os dias da semana. Os plantões foram suspensos pelo governo do estado.
“A mulher vítima de violência está fragilizada, precisa de um ambiente adequado e acolhedor, o que não é possível numa delegacia que atende a todos os tipos de crimes, atender esta mulher em meio a denúncias de tráfico de drogas, embriaguez ao volante não é o correto”, explicou Andreza Sousa.
Depois de fazer o registro na delegacia, a mulher recebe atendimento emocional, psicológico e pedagógico. Roselene Andrade, que na sessão representou a Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social, destacou que durante a pandemia o atendimento foi mantido e os equipamentos ligados à Prefeitura foram mantidos. Por ser um serviço essencial, a SEMTRAS manteve o Centro de Referência em Assistência Social e o Centro Maria do Pará possibilitando o acolhimento, atendimento e empoderamento feminino. “Cursos são ministrados para que essa mulher tenha acesso a trabalho ou uma atividade remunerada para quebrar o ciclo de violência”, destacou.
Mas, para a coordenadora da Casa de Conselhos Roseane Matos é necessário possibilitar formação continuada destes profissionais.
“O Centro Maria do Pará atende à mulher em todas as situações, vítimas de vários tipos de violência, mulheres que foram expostas e estão fragilizadas, quanto mais preparados, melhor é o atendimento e a recuperação desta mulher”.
A presidente do Conselho Municipal da Condição Feminina Ana Cláudia Lima pediu mais interação entre as instituições que compõem a rede de proteção. Sugeriu a criação de uma casa que abrigasse a atenda a mulher que por conta da situação de violência fique desabrigada ou desamparada.
O presidente da Câmara Municipal de Santarém Ronan Liberal Jr. (MDB) considerou esta uma oportunidade única para aperfeiçoar a rede e promover garantias. “Essa é uma discussão importante no Brasil e no mundo e o que a gente quer é fomentar este debate e mostrar que nós não toleramos qualquer tipo de violência contra a mulher”, disse Ronan.
Por isso os vereadores fizeram sugestões que serão encaminhadas às respectivas instituições com o funcionamento da Delegacia da Mulher com funcionamento 24 horas. O vereador Erasmo Maia (DEM), líder do Governo da Câmara Municipal de Santarém, foi enfático ao dizer que a Delegacia da Mulher é essencial para a garantia de direitos e defesa da mulher. Por isso propôs um encaminhamento: “a pauta da Delegacia da Mulher deve ser uma constante; proponho requerer juntos ao governo do estado o funcionamento 24 horas da Delegacia da Mulher”.
Outra sugestão é a Patrulha Maria da Penha que possibilita a formação de uma equipe para atender ocorrências que envolvem violência contra a mulher. Segundo o vereador Angelo Tapajós (Republicanos), que fez a sugestão, a instituição já está em processo de criação. O vereador Carlos Martins (PT) sugeriu a Procuradoria da Mulher para zelar pela participação da mulher no ambiente legislativo.
A vereadora Alba Leal protocolou durante a sessão o projeto de lei Agosto Lilás, que estabelece ações de conscientização, educação e proteção neste mês. “Nós precisamos nos envolver nesta luta, possibilitar o atendimento adequado à mulher e diminuir os registros de casos de mulheres que são violentadas e até assassinadas”, concluiu.